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segunda-feira, 24 de maio de 2010

Crônica de um dia atribulado


Largo do Machado-Zona Sul do Rio de Janeiro-10:30 da manhã

Um certo zumzum na rua.Briga de "população de rua"."Pivetes" e mendigos disputam algo,aos gritos e pedradas, no meio da praça.Dura algum tempo.Chega a polícia,sobe com a viatura na ca(l)çada,dispersam-se rapidamente(principalmente os "menores').
Seguram um(qualquer).Agora chega gente para olhar.Quando se vão,todos voltam.
Vejo tudo da janela de meu local de trabalho.

Praça José de Alencar-uma quadra adiante-12:30

Menino de doze anos,liga para a mãe,de dentro de um mini mercado,assustado e medroso.
Voltando da escola(tres quadras atrás),seguido e abordado,fica sem o celular.
E sem a inocência,a segurança e a tranquilidade.(para sempre)
Chora e fica indignado.
Choro também.
Por ele,por nós,todos.
Que sociedade é esta que precisa correr de crianças?

Rua Paissandu-quatro quadras adiante-16:30

Senhora de sessenta anos cai na escada.
Acionado 192-SAMU,"vai demorar",umas três horas.
Uma ida ao quartel de bombeiros-duas quadras ao lado-resolve a demora.Acompanho.

Hospital Souza Aguiar (público)-Centro da Cidade-17:20

O horror,inenarrável.
Seres humanos afáveis e endurecidos, à porrada,recebem e tratam de outros,endurecidos e fragilizados,à porrada, inteiramente entregues,à mercê.
Muito de tudo.Frio na maca gelada e nua,suja de sangue coagulado(de outrem).

Mais tarde,em casa.

Celular toca.A filha está mal.Em outra cidade.
Rumo para lá.

6 comentários:

Jorge Sader Filho disse...

Eu só queria saber, Maria Alice, como chegamos a este estado de coisas.
Adeus cadeiras nas calçadas, fofocas e cantorias. È pena.

Carinhos,
Jorge

Jorge disse...

Alice,
que mundo estamos?
Ter medo até de adolescentes?
Será que somos humanos ainda?

É minha amiga, mais precisamos nos ligar a Deus buscando envolver aos nossos e ao mundo.

Espero que a tua filha esteja bem!!!
Oro por ela!!!

Um beijo, Anjo!!!

Blogat disse...

Jorges queridos,(rs),acho que este é nome de gente boa...
O pior é que é tudo verdade!
Saudades mesmo das cadeiras nas calçadas,das crianças apenas crianças,humanizadas ainda,de tempos menos tensos.
E acho que chegamos a esse estado de coisas por falta de sentimentos mais nobres como generosidade e amor(às coisas),de Deus mesmo,e daquela vida mais simples que tínhamos.
Obrigada pela preocupação, Jorge,mas a partir da minha chegada,tudo melhorou para ela.(Mãe é tudo...).
Beijos e carinhos para vcs

Barbara disse...

Já li que a filha melhorou.
Bom.

Barbara disse...

Idade do Ferro / 0 de beleza ou de leveza.
Rumo ao Rivotril porque não durmo.
Tudo tão triste, tão sem cuidado e o pior foi a cena do hospital, onde a noção de "cuidar" não tomaria mais tempo nem espaço de ninguém.

Blogat disse...

Pois é,Bárbara,haja Rivotril!Eu vou aqui tentando me "animar"(criar alma) e dormir,"com um barulho desses".
A filha,sensível que é,precisava da mãe.(veja a postagem "Pureza",é bem antiga,fala dela)Bj e obrigada pelo carinho.