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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Kindergarten


Lá, nos ecos de minha memória,
Sempre evocados pelo sorriso de meu(s) filho(s),
Minha menina de três anos
Relembra um doce nome de sua infância,
Tia Lourdes

Ela que a acolhia
Que a recebia naquele momento de medo e insegurança
Mamãe ia "trabalá" e ela ficava lá.
Sòzinha, naquele lugar estranho
Com aquelas pessoas estranhas
Tantas crianças, como ela, a chorar

Chorar a segurança ameaçada, a tranquilidade interrompida.
Mamãe não é só minha?

Mas nesse momento, me lembro,
Havia um sorriso, um rosto acolhedor
Uma mão/mãe que me segurava,
Minha segurança restaurada

Ontem,Tia Lourdes, hoje Tia Fabrícia
Antes, eu, a menina insegura
Hoje, ele(s), meu(s) filho(s) querido(s)

E essa minha menina, que revive nesse(s) meu(s) menino(s)
Sorri a cada vez que te vê
Tranquiliza-se a cada vez que o(s) acolhes
Sente-se segura cada vez que ele(s) te sorri(em).

Tia Fabrícia,que hoje se constrói doce lembrança
Para sempre,
Na vida de meu menino.

Obrigada por ser.


A dor de não ser seu ser


Tão longe!
Tão outro!
Pouco meu...tão seu!
Saiu de mim, voltou para si
Daonde veio,para onde foi
Mais seu...pro seu

Nascendo, morrendo, crescendo, minguando
Chato, metódico, obsessivo
Implicante, exibido, bobo, ingênuo
Mas, todo seu.
De posse,de volta pro seu(agora mesmo)
Lugar
Lugar onde eu não caibo(mais)
Fui veículo, espectadora, auxiliar
Incentivadora propulsora
Da dor e do desamparo.

Já não precisa (mais) de mim.
Aprendeu (na porrada)
E voltou para a toca.

Pelo menos, com mais LUZ

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Madrugada

21/10/92


Era mesmo um negão.Desses que nos fazem mudar o rumo, na rua, só para não encarar...
Forte, grande.Os pés, fora da maca;"abaixa a perna Adauto!Adauto, acorda Adauto!
Gemia e fazia ruídos estranhos, com a sonda enfiada no nariz.
Tremia e parecia que ia ter um "troço" e "esticar as canelas".
Não sei quem era o Adauto.O que fazia nem por que estava ali.
Frágil, entregue, à merce.À merce da vida(ou da morte)
Da bondade (ou da maldade)das pessoas encarregadas dele.

Assim como eu.Assim como a minha pequena.
De volta à idade média.Às voltas com as normas
Rígidas, cruéis, desumanas.
Será gente,quem cuida da gente?

Não, decididamente, não é gentil.
É autoritário, perverso.

Pobre Adauto! pobre de nós!
Entregues, presos, num hospital público!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Louras

MOMENTO PRECIOSO, CAPTADO COM O CORAÇÃO.

LINDO! COMUNICAÇÃO SILENCIOSA E PERFEITA.

CHEIA DE ENCANTO.

GUARDADA NA LEMBRANÇA DA ALMA
DE UM TEMPO DO MEU SER
QUANDO TUDO ERA PODER,
ERA SÓ A GENTE QUERER.

AMO. MUITO.

ANDANÇA


O que muda na mudança, se tudo em volta é andança,
no trajeto da esperança, rumo ao que nunca se alcança?

domingo, 23 de agosto de 2009

GAT

À ESPREITA

Meu menino

Outro dia,voce chegou.
No meio do tempo.Feioso.vermelho
Hoje é um homem.Bonito,claro
Está distante.
Boa parte, não conheço mais.
Mas reconheço

Tenta assumir responsabilidades.Se confunde.Vai para o Maracanã

De repente, o susto.
Feito matéria.Feito vida.

Difícil escolha.Dolorosa decisão.
Partilha comigo sua dor decidida

Pede/precisa de ajuda
Eu dou, mas dói

Vai doer até um dia em que vier a reparação
Só mais um tempo.

Sobreviveremos, de novo.
Meu amor, também.




março/1995

Quadrinhas


Eu já sei como se faz!
Tanto trabalho,não traz
Será que é porque tanto faz?
Ainda hoje...perfaz

Tudo,nada significa
Nada,tudo significa
Quando pensa que vai,fica
Quando diz que fica,desmistifica...

O problema é:
Quem vai entender se estou pensativa,
Ou se sou criativa?

Penso,logo existo
E existo porque crio
Crio mas não creio
Creio mas não rio

O que é bom, não é mau
O que é mau, às vezes é bom
Bom e mau, mau ou bom...
Enquanto isso, como bombom.


agosto/1990

PENSAMENTOS


Nada como criar,nada como zombar
Nada como brincar,
Ser criança, ter criança.

Ser o que não foi, ter o que não pôde
Pensar o não possível, fugir da polícia.

Lugar comum,lugar nenhum
Não faz mal prá ninguém,prá poder ser também.


Chapa de aço,cara de tacho
Moleque pelado,junto ao riacho.

Pra que nascer
Pra que temer
Pra que lutar
Pra nada ter?


julho/1990

Pureza

Os olhinhos espreitam.Pretos,grandes,redondos
Veem mais do que podem compreender.
Tentam ajustar,para não assustar...tranquilizar
Tem mêdo.
Do abandono,rejeição,dor.Da vida.
Quem não tem?
Quando sorriem,são jabuticabas felizes. Brilhantes,plenas...esplêndidas.
A boca acompanha,as bochechas sobem,os dentes,lindos,aparecem.
Emana dela toda uma energia brilhante.De outro mundo,de um lugar onde ela,só ela sabe onde é e como chegar.
Luz negra.Paz cintilante.Sabedoria reinante.
Princesa do Congá.Plena e bela.Eu te amo.