Era
uma vez uma menininha.
Chegara
ao mundo só. E assim permaneceria.
Lá
estava, imersa em silêncio e apreensão.
O
seu redor, tudo era ruído. Em torno de si, silêncio.
Dentro
de si uma dimensão inalcansável, por inatingível.
Dançava
e cantava, sempre quieta.
Ria
e brincava, sempre perplexa.
Tudo
a assustava, nada a incomodava.
Imune
ao amor, exposta à dor.
Cresceu
assim, estranha. A tudo e em tudo.
Um
dia, por não mais suportarem o não saber, o não poder, diagnosticaram,
medicaram.
E
lá está a menininha. Grande, muda e estranha.
Dança
e canta, quieta.
Ri e brinca, perplexa.
Ao seu redor, ruídos.
Nunca saberemos.