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sexta-feira, 21 de outubro de 2016

inescrutável


Era uma vez uma menininha.

Chegara ao mundo só. E assim permaneceria.

Lá estava, imersa em silêncio e apreensão.

O seu redor, tudo era ruído. Em torno de si, silêncio.

Dentro de si uma dimensão inalcansável, por inatingível.

Dançava e cantava, sempre quieta.

Ria e brincava, sempre perplexa.

Tudo a assustava, nada a incomodava.

Imune ao amor, exposta à dor.

Cresceu assim, estranha. A tudo e em tudo.

Um dia, por não mais suportarem o não saber, o não poder, diagnosticaram, medicaram.

E lá está a menininha. Grande, muda e estranha.

Dança e canta, quieta.
Ri e brinca, perplexa.
Ao seu redor, ruídos.


Nunca saberemos.

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